O título da música "Agartha" se refere à lenda do reino de mesmo nome que existiria dentro da Terra e somente poderia ser acessado por meio espirituais.

Tendo em vista que o tal reino teria ao topo não o céu mas o solo, fotografei uma das paisagens encontradas na BR-376 e a inverti, de forma que a terra se deslocasse para a parte de cima da imagem.

Esta fotografia combina naturalmente com a inversão porque o céu, sobre-exposto em branco puro, dá a impressão de ser um lago quando inverso, ressignificando as árvores em segundo plano como reflexos de si mesmas na água. As barras de proteção de beira de estrada criam a ilusão de uma linha que divide o horizonte e demarca o largo. A montanha ao fundo, com pouca nitidez por conta da atmosfera, permite facilmente a leitura como um reflexo na água.

Esta imagem é um outro tratamento da mesma fotografia e serve de imagem promocional para o artista. 

Nesta outra interpretação, a imagem busca captar a mescla entre os dois mundos que constroem o cenário sonoro do artista — a música ambiente e a música eletrônica.

A mescla está presente na imagem através da mescla de dois mundos imagéticos — a natureza e a construção civil. A música ambiente é constantemente lida como música de meditação, música para entrar em contato com a natureza, pois assim como a natureza apresenta um cenário sonoro rico em timbres e texturas mas de melodias escondidas; já a construção civil é a forma derradeira da matemática, utilizando-se dos recursos da natureza através da lógica e da soma de técnicas e conhecimentos, assim como a música eletrônica é construída na base de ritmos matemáticos e do modelo de arranjamento permitido pelos softwares e instrumentos eletrônicos.